Se não enlouqueci em outras circunstâncias, creio que estou vacinado contra a loucura.
As recordações assaltavam-me sem ordem.
Será que a mulher, para manter incólume o seu amor, necessita mais do que da existência, da presença física do homem?
Porque se não boto ordem, todas as suas imagens se concentram em seu corpo, em mim e você fazendo amor.
A vida passava sobre mim, de margem a margem.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Uma culpa estranha
'Mas o que lhe dizer? Que o que está acontecendo com ele é conseqüência de sua atitude? Isso ele já sabe. Que me sinto um pouco culpado por não ter falado o bastante com ele (quando ainda era tempo de falar e não engolir as palavras) para convencê-lo a não seguir esse caminho? Isso talvez ele não saiba conscientemente, mas talvez imagine. Também deve imaginar que, mesmo que ele e eu tivéssemos tido todas essas discussões em profundidade, ele teria seguido o caminho que definitivamente escolheu de qualquer maneira.'
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Primavera num espelho partido
Comecei a ler hoje o livro em questão, de Mario Benedetti. Antes de tudo preciso contar como foi romântica minha história com a obra.. Hoje pela manhã fui arrumar meu material e o vi dentro da minha mochila, e por acaso ele estava lá dentro, NÃO SEI COMO! Eu o olhei, analisei lentamente.. Algo no título já havia me interessado de cara: já disse quão doida sou eu pela primavera.. Virei-o para ver os comentários e, como se não bastasse meu amor pelo título, o que havia escrito me deixou intrigada: 'O tempo e a distância podem mudar quem amamos?'. Foi amor à primeira vista! Estou devorando cada pedacinho do livro, e pela primeira vez me senti como eu sempre vi minha irmã: uma devoradora de livros! Aqui vão algumas das partes que ficaram na minha cabeça:
'Não preciso armar um biombo para pensar em você. Você vai dizer que quatro anos, cinco meses e catorze dias é tempo demais para pensar. E tem razão. Mas não tempo demais para pensar em você.'
'E quando a situação se torna tão difícil que os ocupantes do lugarzinho nem sequer se dirigem a palavra, então essa companhia, embaraçosa e tensa, deteriora a pessoa muito mais, e mais rapidamente do que a solidão total.'
'O essencial é adaptar-se.'
'É somente quando alguém chega a perceber que uma rua não lhe é estrangeira que a rua pára de vê-lo como um estranho.'
'As pessoas não entendem esse tipo de nostalgia. Acreditam que a nostalgia só tem a ver com céus e árvores e mulheres. [...] Mas eu sempre tive nostalgias mais cinzentas, mais opacas. Essa, por exemplo. O caminho de volta para casa. Uma tranquilidade, um sossego, saber o que vem depois de cada esquina, de cada sinal, de cada banca de jornal.'
'Nossa derrota pode não ser total, mas é derrota.'
'Conte-me de você, do que anda fazendo, do que anda pensando, do que sente. Como gostaria de ter caminhado algumas vezes pelas ruas que agora você percorre para que tivéssemos algo em comum aí também.'
'É a vida, minha cara, é a vida. Se não sobreviveu, não se preocupe. Não era importante. Dê-se beijos e mais beijos, de minha parte.'
'A cana tem sua própria terapia, não admite competidores.'
E é claro que a melhor fica pro final:
'Você já percebeu o quanto sinto sua falta? Em que pese minha capacidade de adaptação, que não é pouca, essa é uma das faltas às quais nem o espírito nem o corpo se acostumaram. Pelo menos até hoje. Chegarei a habituar-me? Não creio. Você se habituou?'
E essa é a minha deixa, estou apaixonaaaaaaada por este livro. De uma forma ou de outra, me parece que ele preenche parte de mim em que eu sinto um vazio, ele me deixa completa. Nunca pensei que pudesse me apaixonar tão perdidamente por um LIVRO!!!
'Não preciso armar um biombo para pensar em você. Você vai dizer que quatro anos, cinco meses e catorze dias é tempo demais para pensar. E tem razão. Mas não tempo demais para pensar em você.'
'E quando a situação se torna tão difícil que os ocupantes do lugarzinho nem sequer se dirigem a palavra, então essa companhia, embaraçosa e tensa, deteriora a pessoa muito mais, e mais rapidamente do que a solidão total.'
'O essencial é adaptar-se.'
'É somente quando alguém chega a perceber que uma rua não lhe é estrangeira que a rua pára de vê-lo como um estranho.'
'As pessoas não entendem esse tipo de nostalgia. Acreditam que a nostalgia só tem a ver com céus e árvores e mulheres. [...] Mas eu sempre tive nostalgias mais cinzentas, mais opacas. Essa, por exemplo. O caminho de volta para casa. Uma tranquilidade, um sossego, saber o que vem depois de cada esquina, de cada sinal, de cada banca de jornal.'
'Nossa derrota pode não ser total, mas é derrota.'
'Conte-me de você, do que anda fazendo, do que anda pensando, do que sente. Como gostaria de ter caminhado algumas vezes pelas ruas que agora você percorre para que tivéssemos algo em comum aí também.'
'É a vida, minha cara, é a vida. Se não sobreviveu, não se preocupe. Não era importante. Dê-se beijos e mais beijos, de minha parte.'
'A cana tem sua própria terapia, não admite competidores.'
E é claro que a melhor fica pro final:
'Você já percebeu o quanto sinto sua falta? Em que pese minha capacidade de adaptação, que não é pouca, essa é uma das faltas às quais nem o espírito nem o corpo se acostumaram. Pelo menos até hoje. Chegarei a habituar-me? Não creio. Você se habituou?'
E essa é a minha deixa, estou apaixonaaaaaaada por este livro. De uma forma ou de outra, me parece que ele preenche parte de mim em que eu sinto um vazio, ele me deixa completa. Nunca pensei que pudesse me apaixonar tão perdidamente por um LIVRO!!!
domingo, 31 de outubro de 2010
Céu estrelado
De estrelas-cadente
Pedidos abobados
Pelo mesmo remetente
Céu estrelado
Tão cheio de estrelas
De seu bem mais precioso
(Lua)Sequer precisa
Céu estrelado
Aos poucos nublado
De cheiro engraçado
Não mude assim tão rápido..
Amanhã há de haver sol
Caso contrário, o que será de mim
Sem teu brilho de cor dourada
Sem teu cheiro de areia molhada
Sem teu jeito de me fazer amada?
Céu estrelado,
Que poema bobo!
Mais bobos são meus pedidos
Às tuas serviçais
Que não cumprem suas simples tarefas
De realizar meu desejo
Céu estrelado,
Que tola você faz de mim!
De estrelas-cadente
Pedidos abobados
Pelo mesmo remetente
Céu estrelado
Tão cheio de estrelas
De seu bem mais precioso
(Lua)Sequer precisa
Céu estrelado
Aos poucos nublado
De cheiro engraçado
Não mude assim tão rápido..
Amanhã há de haver sol
Caso contrário, o que será de mim
Sem teu brilho de cor dourada
Sem teu cheiro de areia molhada
Sem teu jeito de me fazer amada?
Céu estrelado,
Que poema bobo!
Mais bobos são meus pedidos
Às tuas serviçais
Que não cumprem suas simples tarefas
De realizar meu desejo
Céu estrelado,
Que tola você faz de mim!
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Memórias Póstumas de Ti
Querido Falecido,
Soubesse eu que tua morte seria pior que tua permanência, teria eu te deixado ficar. Insiste em voltar pra dizer que a morte não é o fim de tudo aquilo em que acreditamos, e, na realidade, nos deixa mais próxima da lembrança, uma vez que ela traz a culpa à tona. Não é como se eu fosse fazer diferente hoje em dia, houvera passado tanto tempo, ainda acho que fôra o certo a fazer. Sabe, há tanto a ser dito nesses dias ensolarados e ao mesmo tempo nublados, o quão confuso isso é? Sabia que aqui é Primavera? Eu te contei o quanto eu amo a Primavera? A calma trazida por ela, na verdade, trazida pelas estações, ter a certeza de que quando o ciclo acaba ele recomeça..É gostoso ver que tudo muda, mas ao mesmo tempo, nada muda. Traz-me uma tranquilidade nunca mais sentida desde que tu te foras, e me deixara aqui sozinha, nesse enorme e assustador mundo, desamparada feito uma criança. Tu perdeste a chance de ver o tanto que cresci, não sou mais menina, sou mulher. Não amo, não desenvolvi tal capacidade ainda, mas eu sei que excluindo da vida tal capacidade eu me privo da felicidade de viver.
Amado, o passado há de ficar para trás, enterrado junto de ti em tua cova. Mas faz questão de infernizar meus dias na Terra e sair rondando minha casa pela noite, ou de entrar na minha cabeça e sair depois de dias, semanas, meses... Tuas brincadeirinhas já perderam a graça, como eu dissera antes, eu amadureci, exatamente do jeito que por tanto tempo importunara meu sono para que eu o fizesse, e agora não mais graça tem saber que achas que ainda sou submissa a ti. Não mais sou vulnerável, ingênua, pequena, sua menininha. Quando me disseras que partiria eu não entendera que era pra sempre, não conhecia tua doença.. Ouvira antes falar em morrer de amor, mas não por falta dele. Sintonize tua alma ao teu corpo, faça-os entender que ambos têm de permanecer juntos, mortos, como você decidiu ficar.
Deixe que o manto da noite te acolha, te proteja, te esquente. Deixe o vento levar o que restou de ti, deixe que a chuva escorra a sujeira pra bem longe de mim, e o sol brilhe como se nada tivesse acontecido. Deixe o mundo girar e o planeta se alinhar aos outros, deixe cada coisa em seu lugar. Não precisamos mudar o bem-estar de todo mundo pra fazer você adormecer. Adormeça, silencie a alma, feche os olhos e durma bem. Agora é hora de dizer boa noite..
Soubesse eu que tua morte seria pior que tua permanência, teria eu te deixado ficar. Insiste em voltar pra dizer que a morte não é o fim de tudo aquilo em que acreditamos, e, na realidade, nos deixa mais próxima da lembrança, uma vez que ela traz a culpa à tona. Não é como se eu fosse fazer diferente hoje em dia, houvera passado tanto tempo, ainda acho que fôra o certo a fazer. Sabe, há tanto a ser dito nesses dias ensolarados e ao mesmo tempo nublados, o quão confuso isso é? Sabia que aqui é Primavera? Eu te contei o quanto eu amo a Primavera? A calma trazida por ela, na verdade, trazida pelas estações, ter a certeza de que quando o ciclo acaba ele recomeça..É gostoso ver que tudo muda, mas ao mesmo tempo, nada muda. Traz-me uma tranquilidade nunca mais sentida desde que tu te foras, e me deixara aqui sozinha, nesse enorme e assustador mundo, desamparada feito uma criança. Tu perdeste a chance de ver o tanto que cresci, não sou mais menina, sou mulher. Não amo, não desenvolvi tal capacidade ainda, mas eu sei que excluindo da vida tal capacidade eu me privo da felicidade de viver.
Amado, o passado há de ficar para trás, enterrado junto de ti em tua cova. Mas faz questão de infernizar meus dias na Terra e sair rondando minha casa pela noite, ou de entrar na minha cabeça e sair depois de dias, semanas, meses... Tuas brincadeirinhas já perderam a graça, como eu dissera antes, eu amadureci, exatamente do jeito que por tanto tempo importunara meu sono para que eu o fizesse, e agora não mais graça tem saber que achas que ainda sou submissa a ti. Não mais sou vulnerável, ingênua, pequena, sua menininha. Quando me disseras que partiria eu não entendera que era pra sempre, não conhecia tua doença.. Ouvira antes falar em morrer de amor, mas não por falta dele. Sintonize tua alma ao teu corpo, faça-os entender que ambos têm de permanecer juntos, mortos, como você decidiu ficar.
Deixe que o manto da noite te acolha, te proteja, te esquente. Deixe o vento levar o que restou de ti, deixe que a chuva escorra a sujeira pra bem longe de mim, e o sol brilhe como se nada tivesse acontecido. Deixe o mundo girar e o planeta se alinhar aos outros, deixe cada coisa em seu lugar. Não precisamos mudar o bem-estar de todo mundo pra fazer você adormecer. Adormeça, silencie a alma, feche os olhos e durma bem. Agora é hora de dizer boa noite..
Tudo que vai volta
Acho que eu acordei meio deprê hoje, não sei se é a TPM ou se são as circunstâncias do dia-a-dia que me deixaram meio abalada, ou talvez sejam ambos. O fato é, voltei! Não sei se eu estou muito afim de divulgar o blog a essa altura do campeonato, mas o que importa é que ele tá aqui pra mim quando eu precisar. Ultimamente não tenho tido tanta inspiração pra escrever, o que tem me deixado realmente nos nervos, mas acontece com todo mundo, não?
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Things we heard today
Love is a losing game.
Love, such a silly game we play..
Music plays a mind trick.
But its getting ,oh, so hard to spend these days without my heart.
Love, such a silly game we play..
Music plays a mind trick.
But its getting ,oh, so hard to spend these days without my heart.
domingo, 1 de agosto de 2010
Amor, 3
Não mais de amor posso chamar o que a gente tem, tinha. Era tudo mentira, eu sempre soube, você sempre soube. Pra quê continuar a fingir que era tudo real? Só me responde o que eu sempre tive curiosidade de saber: era tudo medo de estar sozinho?
terça-feira, 27 de julho de 2010
Later that year
Estava tudo muito calmo naquela manhã ensolarada de domingo, quando ele entrou. A rua estava vazia e ainda assim quente. Sabem como é, céu de Brasília.. Mas bastava que um pé seu fosse de encontro ao chão para o clima mudar. O sol que antes brilhava, ficara escondido atrás das nuvens. E meus olhos que antes sorriam, agora choravam. Não de saudades, uma vez que as lembrancças ainda restantes foram diluídas por todas as gotas de meu sangue minimizando seu efeito - eu já mal podia sentir o calor das suas mãos e muito menos o toque de seu corpo no meu - mas de tristeza pela parte de mim que ele levara embora. Levara meu coração e meu amor, minha capacidade de amar e ser amada. Levara com ele nossa história de não mais que duas estações (verão e outono, se a memória não me falha), nos quais no começo o amor ardia como o sol do meio-dia e era dia para sempre, mas com a mudança pro outono, minhas lágrimas caíam secas e mortas de cansaço como as folhas ao chão. A agonia do reencontro me perturbara desde então. Fôra-se a primavera de Ipês amarelos, o inverno de pouca umidade, as águas de março fechando o verão, para o outono chegar e trazer o inevitável à tona para mim. É triste. É triste ter tanta gente e sentir-me tão só. É triste que tão sozinha nessa rua o que se destaca é o vazio dos seus olhos ao ver os meus. É tão desconcertante que meu coração perde a melodia dos batimentos ao esconder do sol. Meu coração congela e pára, porque o frio condensa os sentimentos e com eles a água que desce dos meus olhos, tão descontentes e desapaixonados, tão mudos e tão calados. Cumprimento-o com o olhar. Mal posso sorrir, meus lábios racham esperando que o calor do seu abraço venha me aquecer. Mas no fundo eles sabem que não virá, pois os mesmos braços que me acolheram, não meus são mais; e o coração que por mim batia, para mim não sorri mais. Já não sei mais o que sei, o que fui, o que sou.
"Sorria" - eu penso como quem esperasse ser escutada.
E então ele o faz, consertando a sintonia do pensamento.
"Sorria" - eu penso como quem esperasse ser escutada.
E então ele o faz, consertando a sintonia do pensamento.
Untitled
Fôra este meu maior amante
Em que o amor surgiu brilhante
Cuja cor não sei dizer
Cuja dor não sei sentir
Vejo as estrelas do mirante
Ardentes com o Sol
Frias como a Lua
Lua, ó lua
Traz de volta esse rapaz
Sem o qual não sei viver
Não sei se fôra um sonho
E se fôra eu acordei
Com um surto e uma banda
Tocando o batuque do choro
Ó, senhor Sol
Me dê de volta a alegria
Que me deixara aqui chorando
Quando partira com meu amor
Remando pelo rio
Passando pelas correntezas a favor do vento
Que contra mim vinham urrando
Grito com a tristeza (contra a qual nada posso)
E se a estrela cadente passar
Peço que o futuro seja só nosso
Em que o amor surgiu brilhante
Cuja cor não sei dizer
Cuja dor não sei sentir
Vejo as estrelas do mirante
Ardentes com o Sol
Frias como a Lua
Lua, ó lua
Traz de volta esse rapaz
Sem o qual não sei viver
Não sei se fôra um sonho
E se fôra eu acordei
Com um surto e uma banda
Tocando o batuque do choro
Ó, senhor Sol
Me dê de volta a alegria
Que me deixara aqui chorando
Quando partira com meu amor
Remando pelo rio
Passando pelas correntezas a favor do vento
Que contra mim vinham urrando
Grito com a tristeza (contra a qual nada posso)
E se a estrela cadente passar
Peço que o futuro seja só nosso
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